O Menino Jovem e a Leitura

O menino jovem e a leitura

Era uma vez (típico, não?)... Um menino que não conhecia os livros. Esse menino vivia muito infeliz, afinal, não sabia da existência de absolutamente nada! Nem contos de fadas, nem histórias em quadrinhos, nem lendas, nem folclore... Era uma tristeza que se apoderava de uma forma inexplicável.  Até que um dia, o menino resolveu ir atrás de seu sonho: conhecer os livros. Percorreu todo o Vale Crystal - onde morava -, e nada encontrou. Frustrado, o menino recorre à sua mãe, que explica que o Lord Guliver, rei do Vale Crystal, há muitos e muitos anos havia ordenado que todos os livros fossem queimados. Mas você deve estar se perguntando, “Se o menino não sabia o que eram livros, como sabia da existência deles?”. Essa história que a mãe contou, passou de geração em geração, por isso o menino sabia que livros realmente existiam. Mas ele não sabia o que eram; se eram para comer, para vestir, para pegar, para tomar... Mas mesmo assim, ele não tirou da cabeça a ideia de encontrar o tão cobiçado livro.

Procurou e procurou, até que um dia se cansou. O menino, que agora era um jovem, decidiu hospedar-se  no hotel mais próximo, para se alimentar e ter forças para continuar sua busca. Ficou hospedado por uma semana, até que teve uma brilhante ideia! Certa vez, ouvira sua mãe dizer algo sobre bibliotecas, onde os livros supostamente ficavam armazenados. O Jovem não fazia ideia de onde encontrar uma biblioteca, foi então que pegou o catálogo telefônico e... Voilá! Encontrou uma biblioteca no centro de Bela Orquídea, cidade visinha ao Vale Crystal. Não perdeu tempo! Anotou o endereço e foi correndo o mais rápido que podia para o seu destino!

15 minutos depois, lá estava ele. O menino, que agora de fato é um jovem, nunca poderia imaginar tamanha conquista. Estava frente a frente com os livros, bastava um passo para que ele abrisse as portas e admirasse o que tanto cobiçava. Mas de certo modo, ele também estava com medo. Afinal, não fazia ideia do que eram os livros, e se fossem bichos? Mas nada importava naquele momento, ele percorreu quilômetros e quilômetros só para vê-los, não poderia desistir, todo seu esforço teria sido em vão. Estufou o peito, e com toda a coragem, entrou.

- Oh meu Deus! Que coisa mais... Mais... Mais... Fantástica! – Exclamou ele, ao ver a paisagem lotada de livros. 

Não se via janelas, não se via portas, não se via nada além dos livros. Estavam lá, esquecidos, abandonados, obsoletos... 

O jovem pegou o livro que mais o chamou a atenção, um livro de capa vermelha, grande... E que por mais empoeirado que estivesse, reluzia por todo aquele imenso salão de livros.

Ele então começou a ler. Gostou tanto que não conseguiu parar! Eram tantas aventuras, histórias, suspenses... Tudo ali, de mãos beijadas para ele. Não parava para beber, comer, dormir. Naquele momento, ele só tinha certeza de uma coisa: que nunca mais sairia daquele lugar. E assim o fez.

 Algumas semanas depois, a mãe do jovem chamou a polícia. Contou sobre a obcessão do filho em descobrir os livros. Então os policiais procuraram em diversas bibliotecas, até chegar nela, a biblioteca que fez com que ele, o menino que é jovem, viver apenas da leitura.

Quando chegaram, ficaram surpresos. O jovem morreu ao lado dos livros. Morreu de tanta alegria, de tanta felicidade. Morreu por se arriscar, por entrar e mergulhar dentro dos livros, onde todos o entendia. Morreu por seguir o seu sonho, morreu, sim. Mas morreu feliz, morreu em paz. E a propósito, o nome desse menino é Orvil. Orvil também entendeu o motivo pelo qual Lord Guliver ordenou que queimassem todos os livros do Vale Crystal. O Lord precisava de lucro. Mas não material, e sim sentimental. Ele se alimentava da tristeza das pessoas, das lágrimas sofridas delas. Sem os livros, sem emoções, sem sentimentos e momentos felizes. Sem os livros, sem vida, sem ânimo, sem vontade. Agora tudo ficou claro! O livro é a matéria prima do homem.

 - Gabriella Sousa Belasco (Gaby Bibs) - MMG